EU PRECISO OU EU QUERO?
- Camila Tasca
- 9 de ago. de 2022
- 3 min de leitura

Uma grande amiga me mostrou um texto da Psicanalista Ana Suy que eu pensei fazer muito sentido dentro do contexto que vamos conversar hoje, então vou dividir um pedacinho com vocês, para reflexão:
“O desejo está aí para ser desejado e isso não significa que todos os desejos devam ser realizados (aqueles que fazem análise bem sabem o tanto de coisas que a gente deseja, mas que deuzolivre desses desejos virarem realidade). As demandas das outras pessoas sobre nós, estão aí, nem todas para serem atendidas, mas nem todas para serem recusadas. Freud nos ensina que não existe objeto de satisfação para o nosso desejo na realidade, que só há objeto de satisfação para o desejo na nossa fantasia ou no delírio. Assim sendo, o desejo nunca poderá ser plenamente satisfeito. Isso não significa que devamos ser cínicos e sequer irmos em busca daquilo que queremos, pois dizer que o nosso desejo não pode ser plenamente satisfeito não é o mesmo que dizer que o nosso desejo não pode ser parcialmente satisfeito. Então, que nos satisfaçamos parcialmente!”.
Esse texto cabe não só para nossas reflexões diárias, mas também para nossas finanças e espero conseguir te fazer entender o porquê. Na semana passada, falamos um pouquinho sobre fazer uma lista de desejos de consumo, antes de consumir. Falamos sobre a análise e entendimento de seu fluxo financeiro e hoje quero explorar um pouquinho mais disso com vocês.
Ao montar sua planilha de orçamento pessoal, o que você vê? O que, dentro dos seus gastos, são realmente essenciais e o que pode ser reduzido? Queria te propor um exercício, para pensarmos juntas. Se você já tem o hábito de fazer sua planilha, abra ela agora e veja o que você realmente consegue analisar.
1. É possível ver para onde vai a maior parte do seu dinheiro?
2. Você tem controle do que gasta no débito e do que gasta no crédito?
Agora independente de fazer ou não a planilha, tente elencar os seguintes pontos:
A. Qual a minha receita total?
B. Quanto do que eu gasto vai para coisas que eu preciso? (Gastos Essenciais)
C. Quanto do que eu gasto vai para coisas que eu quero? (Gastos Não-essenciais)
Gasto essencial é aquele que não pode ser reduzido de um mês para o outro, ou eliminado num curto período de tempo, por exemplo, aluguel, IPTU, escola, plano de saúde, energia elétrica, água, etc. Os gastos não essenciais são todas as coisas que eu quero comprar, mas que não necessariamente eu preciso naquele momento.
A escolha do que é ou não essencial é muito particular para cada um. Eu por exemplo tenho como essencial além das contas de habitação e despesas fixas, a compra de livros, o que para outras pessoas pode ser supérfluo. Então é importante que você pare para refletir sobre o que é ou não importante para você e liste isso, seja na sua planilha já existente, seja no bloco de notas.
Ao olhar para as informações que surgiram, veja o quanto você gasta com aquilo que não é essencial e responda a você mesma: quanto você gastou mais do que precisava no último mês? Será que a questão do desejo trazida no texto da Ana Suy ou até mesmo das demandas das outras pessoas tem influenciado nos seus gastos pessoais?
“Eu quero e por isso eu compro!” faz parte das suas falas?
“Não sobra dinheiro para nada” também faz?
Se relacionar com as finanças está muito ligado à forma como você olha para o seu desejo. Nesse caso estamos falando de consumo, e como o próprio Primo Rico diz: “Não há modelo de ajuste de finanças pessoais que funcione em um regime restrito em que nada é deixado para o lazer, faz parte da nossa rotina consumir.” Porém, se você tem o objetivo de controlar seu dinheiro de forma a pagar suas contas, comprar coisas que almeja e ainda poupar um pouco, é importante que olhe para ele com carinho, entendendo que o espaço para o desejo é importante! Você não precisa comprar tudo que quer de uma vez.
Veja quanto custa, faça um fundo, pague à vista, quem sabe até negociando um desconto. Repense gastos desnecessários ou exagerados. O quanto você poderia estar poupando com um gasto consciente? Se relacione com o seu dinheiro e, volto a repetir, se tiver dificuldades em fazer isso sozinho, peça ajuda especializada, quanto antes você começar a pensar sobre isso, maior serão as chances de você se realizar financeiramente.
Referencias:
Nigro, T. Do Mil ao Milhão – Sem cortar o Cafezinho, Harper Collins, 2ªed. Rio de Janeiro, 2021.
Suy, A. Nota sobre o desejo, publicado em 09/08/2022. Texto na íntegra: https://www.instagram.com/reel/ChCZ45QAtU3/?utm_source=ig_web_copy_link
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