NÃO É SOBRE CORTAR, É SOBRE ENTENDER!
- Camila Tasca
- 2 de ago. de 2022
- 2 min de leitura

O quinto dia útil está chegando e com ele, aquele dinheirinho que deixa nossa conta bancária a coisa mais linda! Mas não, espera, paguei as contas e acabou o dinheiro! SO-CORRO! #partiucartãodecrédito
Esse é um pensamento muito comum dos consumidores em nosso país, mas também muito perigoso. Como já foi dito no post anterior, o maior nível de endividamento das famílias está relacionado aos gastos com cartão de crédito, cerca de 85,8% do endividamento de famílias com renda mensal até R$12.000,00 e 84,4% de famílias com renda superior a isso.
E, com base nos meus atendimentos mensais, tenho a impressão de que esse problema está muito relacionado a ao desconhecimento, ou a falta de relacionamento com o poder de compra por parte dos consumidores. Então minha ideia aqui é te ajudar a pensar sobre isso, vamos lá!
Quando analisamos a pesquisa de Intenção de Consumo da Família (ICF), o grande objetivo é compreender a capacidade de consumo, o nível de renda doméstico, a segurança no emprego e alguns outros pontos. Essa pesquisa é feita exatamente para que o COMÉRCIO possa se planejar com relação as suas vendas. Porém com base nisso, podemos entender também o lado do consumidor. Vejam esses números: para o mês de julho, as famílias que recebem até R$12.000,00 mensais, tiveram um aumento na intenção de consumo de 2,6% com relação a junho e esse número tem sido crescente. Nessa pesquisa, analisando os perfis de idade, pessoas com menos de 35 anos se disseram satisfeitas em sua percepção de renda.
Mas é estranho falar sobre percepção de renda satisfatória em um país de pelo menos 2.972.925 famílias brasileiras endividadas (dados de junho/2022). Fazendo uma amarração de todas as informações, um dos cenários possíveis é que se olha para limites disponíveis, sem entender da renda comprometida. O que eu quero dizer é que se você ganha R$5.000,00 líquido por mês, verá esse dinheiro na sua conta no quinto dia útil, mas desse valor suponha que R$3.000,00 é para pagar suas contas fixas (como habitação, água, luz, internet, seguro do carro e outras despesas mais), R$1.000,00 para pagar empréstimos. Dessa forma, o valor que você tem disponível é de apenas R$1.000,00 e não R$5.000,00. Aí, chega a fatura do cartão de crédito no valor de R$2.000,00, opa, temos um déficit aqui de R$1.000,00.
Nessas situações, é necessário que primeiro você se relacione com as suas finanças e entenda qual é o percentual da sua renda que está disponível. Feito isso, observe se tudo aquilo que você compra no cartão é realmente necessário naquele momento! Se puder esperar, espere. Faça uma lista das coisas que deseja, crie o hábito de saber o quanto pretende gastar e de se planejar para fazê-lo. Entenda seu fluxo financeiro para não cair na tentação de gastar mais do que ganha e entrar para as estatísticas.
Tem dificuldades de planejamento, busque uma ajuda especializada. Quanto antes você começar a pensar sobre isso, maior serão as chances de você se realizar financeiramente, não pelo quanto ganha, mas pela forma que administra o seu dinheiro.
Referências:
Intenção de consumo das famílias (ICF) – julho/2022. Divisão de economia e inovação (Dein). Disponível em: <https://portal-bucket.azureedge.net/wp-content/2022/07/011efeea0ca4b1847d5fd0078fe51ebb.pdf> Acesso em 02/08/2022.
Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) – junho de 2022. Disponível em <https://www.portaldocomercio.org.br/publicacoes/pesquisa-de-endividamento-e-inadimplencia-do-consumidor-peic-junho-de-2022/431749> Acesso em 26/07/2022.
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